sábado, 22 de setembro de 2007

Grandes Portugueses: MARQUÊS DE POMBAL - 9º. LUGAR


BIOGRAFIA MARQUÊS DE POMBAL - 9º. LUGAR

Foi o mais notável estadista do seu tempo. O Marquês de Pombal revolucionou o País a nível económico, educacional e cultural. Com o terrível terramoto de 1755, provou as suas capacidades reformadoras e fez nascer uma nova Lisboa que sobrevive até hoje. Uma das grandes personagens da história de Portugal - e uma das mais controversas. “É uma lição para toda a cultura ocidental e universal”, afirma o historiador Rui Afonso. Mas há um “lado B” em Marquês de Pombal: ele também foi um clone do totalitarismo. É conhecida a sua face tirânica e as suas acções despóticas. O seu legado, porém, é inegável. Marquês de Pombal, de seu nome Sebastião José de Carvalho e Melo, foi o mais notável estadista do seu tempo, não só de Portugal como provavelmente de toda a Europa. “É o homem das grandes reformas económicas e educacionais, que coloca Portugal na preparação para a modernidade. É o grande reformador”, destaca o professor universitário José Medeiros Ferreira. Nascido no seio de uma família fidalga, frequentou o 1.º ano jurídico na Universidade de Coimbra, mas, dotado de um génio versátil e um insaciável desejo de poder, acabou por abandonar os estudos e dedicar-se à carreira militar. Nessa fase, via na força das armas uma oportunidade para se destacar e alcançar algo positivo para Portugal. No entanto, depressa se desiludiu com a obediência que tinha de prestar à hierarquia militar e acabou por pedir a demissão. Foi a ponte para se entregar à vida ociosa: dedicou-se ao estudo da história, política e legislação. O sonho de fazer algo pelo País continuava vivo. Assim, optou pela carreira diplomática. Em 1739 partiu para Londres e ali prestou relevantes serviços, demonstrando ter energia e inteligência. Homem de uma esperteza sem fronteiras, conseguiu “arrancar” ao ministério do duque de Newcastle muitas das isenções para os negociantes portugueses em Londres, iguais às que os negociantes ingleses tinham em Lisboa. De Londres seguiu para Viena como embaixador de D. João V. Vivia-se a época dos despotismos iluminados. A razão, a inteligência e os conhecimentos é que davam acesso ao poder. Todas estas viagens proveitosas conferiam ao diplomata novas experiências, sabedorias e ideias que, mais tarde, o fariam brilhar em Portugal. Ele “viu o que é viver lá fora, a perspectiva europeia, mais avançada”, explica o professor catedrático Marcelo Rebelo de Sousa. Já de regresso a Lisboa, em 1750, o novíssimo rei D. José nomeia-o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra. O cardeal de Richelieu, de França, era o ideal do Marquês, que desejava consolidar o poder régio com o objectivo de introduzir alterações profundas no Estado. Rapidamente se torna no mais influente dos secretários de Estado e toma medidas nas mais diversas áreas, algumas de grande alcance e visão. Sem nunca ter perdido a ligação com a Europa, faz sempre questão de se rodear dos melhores em diversas áreas, nomeadamente na educação. Foi ele quem “trouxe portugueses que estudaram nas universidades estrangeiras, reformando a Universidade de Coimbra, para adaptá-la aos novos tempos”, relembra Marcelo Rebelo de Sousa. Sempre soube acompanhar a razão. Foi o catastrófico terramoto de 1755 que lançou definitivamente Sebastião José de Carvalho e Melo na política nacional e o fez ficar popular até aos nossos dias. No meio da destruição, do caos e do desespero, era preciso fazer algo: agora, já, ontem. Nisso foi bom! Agiu depressa - a bem ou à força. Reconstruiu Lisboa e provou a sua visão de modernidade. Felizmente, o rei não o amputou do poder de decidir. “Sem Marquês não haveria a Lisboa pombalina, não haveria a Baixa, cuja largura das ruas permite que o trânsito automóvel ainda hoje flua. E no seu tempo só havia carruagens”, constata o historiador do Museu do Chiado, Rui Afonso. “É o homem que mais marca Lisboa”, diz, por sua vez, o deputado João Soares. Com o terramoto, vem ao de cima o génio organizador e a sua assombrosa energia. Esta é a verdadeira génese do seu imenso poder. Com a introdução de novos impostos e a reconstrução da capital, a par de inúmeras iniciativas, o rei D. José dispensa-lhe confiança cega, fomentando a inveja da alta nobreza. Contudo, também teve momentos menos populares, relacionados com a violência de algumas das suas decisões. Há um lado B em Marquês de Pombal, não tão conhecido pelas grandes massas. Ele também foi um clone do totalitarismo. Assumiu execuções públicas, como aconteceu com os Távoras, e dirigiu radicalmente a expulsão dos Jesuítas. É esta característica, típica dos déspotas da altura, que marca a imagem do estadista e dá azo a críticas, especialmente no que se refere ao combate aos religiosos. “Os Jesuítas deixaram uma marca impressionante um pouco por todo o mundo, muito ligada à formação e educação”, refere o agnóstico João Soares. Feito conde de Oeiras em 1759 e marquês dez anos depois, por relevantes serviços ao reino, já tinha grande influência junto de todas as cortes europeias. Portugal conseguia pôr-se a par das nações mais adiantadas, a nível organizacional, administrativo e jurídico. Sempre polémico mas decisivo, intervém também na indústria e na agricultura. “Sem ele não haveria a primeira zona de vinhos demarcada do mundo”, lembra o historiador Rui Afonso, fazendo referência à Companhia dos Vinhos do Alto Douro, que produzem o afamado vinho do Porto. Contudo, com a morte de D. José, em Fevereiro de 1777, o poder do Marquês de Pombal caminhava a passos largos para o fim. E assim, rapidamente, foi destituído e desterrado para Pombal, sendo publicamente enxovalhado. Faleceu em 1782, sem um perdão consistente da rainha. Apenas no século XIX é reabilitada a sua memória. Os seus restos mortais foram posteriormente trasladados para Lisboa. Pode ter sido polémico e conduzido operações condenáveis a muitos olhos, mas deixou uma marca no País e fez-nos ter “a preocupação de saber se estamos atrasados ou adiantados em relação a outros países”, diz Rui Tavares. Deu esperança a um povo e provou que Portugal pode acompanhar a Europa - ou, mesmo, superá-la.

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